domingo, 26 de junho de 2011

Desenrolar

Para algumas pessoas, talvez para maioria, não seja fácil encontrar coerência. Para mim tornou-se desgastante, honestamente! Se comunicar é quase uma arte. Compreender uma expressão, dependendo do quanto ela esteja impregnada  de afeto, se torna ainda mais embaraçoso. Porque nem sempre queremos e podemos ser claros, na medida em que queríamos e precisávamos. A linguagem nos confunde, ou talvez, o que queremos dela. Encontrar uma ponte entre o pensar e o sentir exige sensibilidade (até pelo abismo que existe ai) e quando conseguimos atravessar a ponte, temos que mergulhar num lago muito profundo, o do dizer. Acho que a metáfora é exatamente essa, porque não se pode suportar, palavras que vem das profundezas, a não ser que tenhamos um lugar muito apropriado para elas, mesmo assim tenho lá minhas dúvidas que elas cheguem à boca. Ao mesmo tempo ficar na superfície não nos interessa, ou não nos alivia. Eis a questão! Como encontrar a  dose? Talvez a angústia venha do desejo pela exatidão, dela simetria, pela retidão, pelo correto, pela dor do não conforme. Seja bem-vindo a mente de uma obsessiva!

Sinto muito, mas espero não ser a única que não sabe o que dizer, e por vezes, não sabe como ouvir. Com algum esforço consigo perceber o quanto já me enrolei - ouvi o que não foi dito e disse o que não devia ser ouvido. 

Nada verdade o que espero é que isso não seja demasiadamente devastador, ou seja, que pela vida afora eu entenda que esse é o barato, afinal, coisa de humanos! Contudo, que tenha leveza, progresso,  e que a comunicação seja preponderantemente favorável  a mim, que ela funcione!!!

A desenrolar...

sábado, 18 de junho de 2011

Sobre estar sozinho (por Flávio Gikovate)

"Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o início deste milênio. As relações afetivas também estão passando por profundas transformações e revolucionando o conceito de amor.
O que se busca, hoje, é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual exista individualidade, respeito, alegria e prazer de estar junto, e não mais uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar.
A idéia de uma pessoa ser o remédio para nossa felicidade, que nasceu com o romantismo, está fadada a desaparecer neste início de século. O amor romântico parte da premissa de que somos uma fração e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos. Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher. Ela abandona suas características, para se amalgamar ao projeto masculino. A teoria da ligação entre opostos também vem dessa raiz: o outro tem de saber fazer o que eu não sei. Se sou manso, ele deve ser agressivo, e assim por diante. Uma idéia prática de sobrevivência – e pouco romântica, por sinal.
A palavra de ordem deste século é parceria. Estamos trocando o amor de necessidade, pelo amor de desejo. Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso, o que é muito diferente.
Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as pessoas estão perdendo o pavor de ficar sozinhas, e aprendendo a conviver melhor consigo mesmas. Elas estão começando a perceber que se sentem fração, mas são inteiras. O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fração. Não é príncipe ou salvador de coisa nenhuma. É apenas um companheiro de viagem.
O homem é um animal que vai mudando o mundo, e depois tem de ir se reciclando, para se adaptar ao mundo que fabricou. Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo. O egoísta não tem energia própria; ele se alimenta da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral. A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado. Visa à aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades. E ela só é possível para aqueles que conseguirem trabalhar sua individualidade.
Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva. A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa. As boas relações afetivas são ótimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem. Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado. Cada cérebro é único. Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém.
Muitas vezes, pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto. Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal.
Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo, e não a partir do outro. Ao perceber isso, ele se torna menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um.
O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável. Nesse tipo de ligação, há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado. Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém: algumas vezes, você tem de aprender a perdoar a si mesmo…"
* Flávio Gikovate é médico formado pela USP no ano de 1966. Desde 1967, trabalha como psicoterapeuta, tendo atendido mais de 8000 pacientes. Dedica-se, principalmente, às técnicas breves de psicoterapia.

sábado, 11 de junho de 2011

Que me desperte paixão

Afundado no travesseiro, pensamento vai e vem,
A cabeça nem acompanha mais, o corpo já dolorido,
Sentimento rendido, pede abrigo.
Conspiram a literatura, a música, a arte, e até a religião,
Com facilidade acompanha o coração.
Enamoram-se os seres, inspiram vida, desejo complacente.
"Ah se não soubermos a arte de amar, segredo tão bonito do caminho."
Emoção que passa sem acenar, é visita que não precisa convidar!
E é nos despertar do sonho interrompido, que eu muitas vezes duvido,
Real ou imaginário?  Eu decido, no que acreditar.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Boa pessoa


"Se você dormiu bem
Se você comeu bem
Se você quer o bem
De uma boa pessoa
Nessas manhãs de frio
Quando a geada pinta a grama
E o azul do céu
é de uma beleza que caçoa
Quando nada, nada
Te faria tirar o pijama
Não fosse o vento que vai lá fora
é a voz do teu amor que chama agora
Se você dormiu bem
Se você comeu bem
Se você quer o bem de uma boa pessoa
Quando nada, nada
Te faria tirar o pijama
Não fosse o vento que vai lá fora
é a voz do teu amor
Que chama agora
E você vem
E você vem"