quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Mistérios palavriados

Jogue as palavras,
Engole as palavras,
Recupere as palavras,
"Não foi o que quis dizer"
Conserte as palavras,
Revire as palavras,
Recompõe em palavras,
"Não sei o que dizer"
Tremem as palavras,
Fraquejam as palavras,
Engasgam as palavras,
"É preciso dizer"
Sumiram as palavras
Cansaram as palavras
Para onde foram as palavras?
"O que elas querem dizer?"

Emudece - "Não se pode dizer."

Voltam as palavras
Refaz em palavras
Coloca em palavras
Deu voz as palavras.
Esquece aquelas palavras
Penetram profundo as palavras
Aumenta o som das suas palavras

"Pode dizer".

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Rendida ao táxi e ao taxista

Acho que não houve e nem haverá um dia em que fiquei mais tempo dentro de um táxi.
Em algumas corridas por escolha própria, em outras por obra de atrasos e importunos desse vai e vem.
O fato é que me lembrei de uma crônica de Clarice (na intimidade) sobre a solidariedade, não me recordo o nome exato, mas enquanto as coisas foram acontecendo fui resgatando seu enredo indo de encontro com o meu desfecho. Na minha segunda corrida de táxi de hoje, curiosamente fui indagada se gostava de literatura, pelo taxista. Respondendo que sim, ele questionou mais precisamente, se gostava de literatura - sem ser acadêmica, disse que gostava ainda mais. Já estava espantada e ansiosa para ouvir o motivo da pergunta. Foi quando o taxista me apresentou um livro que tratava justamente sobre sua vida profissional, da vida dentro de um táxi e suas histórias. Contando um pouco sobre a estrutura do livro, logo desconfiei que ele mesmo era o autor. Dei crédito, afinal, não é todo dia que vemos um empreendimento assim. Ao tentar me convencer sutilmente pela compra, contou-me adiantadamente algumas histórias narradas no livro e enfatizava que não eram fictícias e que ele tinha sido participante delas. Folheei o livro e comecei a achar aquilo fascinante, afinal, não tem muito tempo que imaginei justamente isso. Num instante oportuno, declarei-me psicóloga ao taxista que prontamente me falou de Freud e não pude esconder o sorriso (sei lá se sínico, mas ri), me contou até de um psicanalista que fala na rádio. Já estava decidida a comprar o livro, mas sabendo do preço desanimei, mesquinharia ou não, sabia que devia levar, e levei sem pestanejar muito. Algo dentro de mim estava estranho, eu dei crédito e ao mesmo tempo desmereci, duvidando da capacidade daquele sujeito de escrever um livro que realmente me tocasse. No final senti-me pressionada por mim mesma a comprá-lo. Nada me obrigava àquilo mas soava imposição. Imagine só se eu descartasse aquela obra como se descarta um panfleto entregue na rua? Para mim fazer isso seria inadmissível, aliás o taxista me convenceu, chegou me despertar interesse na leitura. Enfim, cansei de me condenar pelo sim e pelo não. Chegando e acomodando-me no ônibus da rodoviária para casa, engatei a leitura na velocidade da viagem. Então... Li! Em algumas frases lidas fiz careta, em outras aquela expressão de "óoó", li todo o livro. Esperava mais. Mas o que há de errado? É claro que não fui caridosa, nem tão pouco acreditei que leria um livro excepcional de literatura, mas no fim das contas admirei o cara. Com jeito de boa praça, fez o que tinha que fazer, relatou as histórias, escreveu um livro, publicou-o, possivelmente vende aos montes para os passageiros e no livro dá o seu recado e sobretudo ganha mais clientes para as corridas, sem demagogia, essa é a lógica. Mais interessante ainda é que introspectivamente analisei e reanalisei meus pensamentos e sei que parecia haver um movimento em mim que dizia não inveje, não critique e não condene, e cá estou eu  impacta com o vivido e rendida ao taxista, contando para vocês.      

sábado, 12 de novembro de 2011

Devaneios de uma vida sem respostas

Algumas pessoas carregam em si virtudes e limites que às vezes pesam como fardos. É  claro que para isso existem razões, obscuras e duras de se saber. Ou que não se pode, não se deve, não se quer saber. Começo analisar os comportamentos humanos (sobretudo o meu) e me intriga a cada dia mais a loucura cotidiana com as coisas corriqueiras e as proporções que tomam. Facilmente percebidas e dificilmente desveladas. Não recomendo subestimar a capacidade do homem de ser complexo, de ser avesso, de se atropelar pelas escolhas da vida, de se modular conforme sua dor e desapontamento, naquilo que não dá conta, a sua própria existência. Não se trata de uma configuração pejorativa de reflexão. Mesmo porque, como posso entender o súbito desespero de não aceitar a realidade difícil na qual estamos inseridos? Não há como contestar, ainda com as tentativas de colocar a deriva do acaso os acontecimentos indesejáveis, ninguém (desse mundo) sabe viver, em todas as circunstâncias. Se alguém souber, desafio as evidências. Para não finalizar com tom pessimista, conformo-me com a angústia da crítica colocada. O que me dá contento é não estar no engano, não iludir-me com receitas prontas de felicidade e de condutas corretas, compartilhando com a ideia de uma massa de gente mascarada pelo vazio que invade a todos, não há como escapar. Prefiro os resquícios de direção que as minhas dificuldades me assinalam e não encarar a vida como um todo pronto e acabado. Assim talvez entendamos os altos e baixos, nossas virtudes e limites, e respeitemos mais o ser humano tal como é, incompleto.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

O que inspira-ação?

Há alguns dias atrás, imbuída pela leitura de Clarice Lispector, meus pensamentos articulavam o que poderiam vir a ser, bons textos. Tomada por inspiração, senti-me realizada momentaneamente por compor tais títulos e dizeres, que a mim muito faziam sentido. Contentei-me. Diante da diversidade e da produtividade de idéias que me ocorriam, continuei acomodada, convenci-me de que haveria um bom momento posterior para colocá-los em formatos legíveis, por mim e por outros. Descobri então que a inspiração nem sempre inspíra-ação, como eu supunha. Hoje diante da minha vontade de concretizar em escrita minhas reminescências, surpreendi-me com o apagão das palavras. Não consegui pensar em mais nada. Ademais, o que fazer? Importou-me o que essa experiência proporcionou e aqui quis relatar. Não dispensaria o brilhantismo dos que conseguem produções mentais, para ser mais clara no que quero dizer, idéias, sugestões, inovações, músicas, romances, poesias, poemas, discussões teóricas, invenções científicas, problemas de pesquisa, e por ai vai. A capacidade humana para isso é formidável, mas ser humano esperto é aquele que anda a rascunhar, que tem como amigo qualquer papel e caneta ao lado que permita o registro de seu brilhantismo. Isso sim permite ação, atitude concreta. Começo a questionar se não seriam os amigos da caneta e do papel, os providos de inspiração, ao menos com mais frequencia.
Cheguei a conclusão de que, geniais, foram os que aprenderam essa lição.

sábado, 9 de julho de 2011

Quando assim - Música de Núria Mallena

Quando Assim Núria Mallena
(Trilha sonora do romance de Rei Augusto e Maria Cesária - Cordel Encantado)

Quando eu era espera
Nada era, nem chovia
Nem fazia
Só sentir que a calma
Não acalma
Quando só há solidão

Quando eu era estrela, era inteira
Na mentira que eu dizia
Ser o que não era convencia
Dentro da minha ilusão

Quando eu fui nada
Faltou nada, tudo pronto pra escrever...

Eu não sabia buscar
Foi quando apareceu
O que eu quis inventar
Pra preencher o meu
Mundo particular

No peito que era seu
No seu mundo não há
Mais nada que não eu
Já sei dizer que o amor
Pode acordar

Eu não sabia buscar
Foi quando apareceu
O que eu quis inventar
Pra preencher o meu
Mundo particular

No peito que era seu
No seu mundo não há
Mais nada que não eu
Já sei dizer que o amor
Pode acordar...


domingo, 3 de julho de 2011

Apreciar o lar

Em certos momentos da vida, o que buscamos é sair. 
É correr, passar, conhecer, experimentar, é tocar nas coisas da vida.  
Vai bem assim, necessariamente devemos sentir esse pulsar adolescente, talvez um medo da solidão. 
De repente, começamos uma nova busca, a de chegar. 
Depois de um dia de trabalho, o sofá da nossa casa é tudo o que desejamos. 
O abraço da mãe amorosa, a tosse do pai depois de um trago no cigarro, o irmão que ainda te chama de moleque. 
E tudo o que antes era tédio, agora é aconchego. 
Abandonar o medo de ficar sozinha ainda consome, mas ao menos é percebido. 
Por ora traz desespero, angústia, incertezas e tristeza, das mais intensas que já conheci. 
Não sei bem, talvez o que almejo é alguém para me acompanhar, para construir um lar. 
E hoje o que quero não é correr é sentar; não é passar é parar; não conhecer mas me envolver, não mais experimentar e sim admirar e tão pouco tocar as coisas da vida. O que eu quero senti-las!!!
Por tudo isso, desejo mesmo apreciar o lar. 



domingo, 26 de junho de 2011

Desenrolar

Para algumas pessoas, talvez para maioria, não seja fácil encontrar coerência. Para mim tornou-se desgastante, honestamente! Se comunicar é quase uma arte. Compreender uma expressão, dependendo do quanto ela esteja impregnada  de afeto, se torna ainda mais embaraçoso. Porque nem sempre queremos e podemos ser claros, na medida em que queríamos e precisávamos. A linguagem nos confunde, ou talvez, o que queremos dela. Encontrar uma ponte entre o pensar e o sentir exige sensibilidade (até pelo abismo que existe ai) e quando conseguimos atravessar a ponte, temos que mergulhar num lago muito profundo, o do dizer. Acho que a metáfora é exatamente essa, porque não se pode suportar, palavras que vem das profundezas, a não ser que tenhamos um lugar muito apropriado para elas, mesmo assim tenho lá minhas dúvidas que elas cheguem à boca. Ao mesmo tempo ficar na superfície não nos interessa, ou não nos alivia. Eis a questão! Como encontrar a  dose? Talvez a angústia venha do desejo pela exatidão, dela simetria, pela retidão, pelo correto, pela dor do não conforme. Seja bem-vindo a mente de uma obsessiva!

Sinto muito, mas espero não ser a única que não sabe o que dizer, e por vezes, não sabe como ouvir. Com algum esforço consigo perceber o quanto já me enrolei - ouvi o que não foi dito e disse o que não devia ser ouvido. 

Nada verdade o que espero é que isso não seja demasiadamente devastador, ou seja, que pela vida afora eu entenda que esse é o barato, afinal, coisa de humanos! Contudo, que tenha leveza, progresso,  e que a comunicação seja preponderantemente favorável  a mim, que ela funcione!!!

A desenrolar...

sábado, 18 de junho de 2011

Sobre estar sozinho (por Flávio Gikovate)

"Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o início deste milênio. As relações afetivas também estão passando por profundas transformações e revolucionando o conceito de amor.
O que se busca, hoje, é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual exista individualidade, respeito, alegria e prazer de estar junto, e não mais uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar.
A idéia de uma pessoa ser o remédio para nossa felicidade, que nasceu com o romantismo, está fadada a desaparecer neste início de século. O amor romântico parte da premissa de que somos uma fração e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos. Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher. Ela abandona suas características, para se amalgamar ao projeto masculino. A teoria da ligação entre opostos também vem dessa raiz: o outro tem de saber fazer o que eu não sei. Se sou manso, ele deve ser agressivo, e assim por diante. Uma idéia prática de sobrevivência – e pouco romântica, por sinal.
A palavra de ordem deste século é parceria. Estamos trocando o amor de necessidade, pelo amor de desejo. Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso, o que é muito diferente.
Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as pessoas estão perdendo o pavor de ficar sozinhas, e aprendendo a conviver melhor consigo mesmas. Elas estão começando a perceber que se sentem fração, mas são inteiras. O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fração. Não é príncipe ou salvador de coisa nenhuma. É apenas um companheiro de viagem.
O homem é um animal que vai mudando o mundo, e depois tem de ir se reciclando, para se adaptar ao mundo que fabricou. Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo. O egoísta não tem energia própria; ele se alimenta da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral. A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado. Visa à aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades. E ela só é possível para aqueles que conseguirem trabalhar sua individualidade.
Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva. A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa. As boas relações afetivas são ótimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem. Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado. Cada cérebro é único. Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém.
Muitas vezes, pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto. Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal.
Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo, e não a partir do outro. Ao perceber isso, ele se torna menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um.
O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável. Nesse tipo de ligação, há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado. Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém: algumas vezes, você tem de aprender a perdoar a si mesmo…"
* Flávio Gikovate é médico formado pela USP no ano de 1966. Desde 1967, trabalha como psicoterapeuta, tendo atendido mais de 8000 pacientes. Dedica-se, principalmente, às técnicas breves de psicoterapia.

sábado, 11 de junho de 2011

Que me desperte paixão

Afundado no travesseiro, pensamento vai e vem,
A cabeça nem acompanha mais, o corpo já dolorido,
Sentimento rendido, pede abrigo.
Conspiram a literatura, a música, a arte, e até a religião,
Com facilidade acompanha o coração.
Enamoram-se os seres, inspiram vida, desejo complacente.
"Ah se não soubermos a arte de amar, segredo tão bonito do caminho."
Emoção que passa sem acenar, é visita que não precisa convidar!
E é nos despertar do sonho interrompido, que eu muitas vezes duvido,
Real ou imaginário?  Eu decido, no que acreditar.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Boa pessoa


"Se você dormiu bem
Se você comeu bem
Se você quer o bem
De uma boa pessoa
Nessas manhãs de frio
Quando a geada pinta a grama
E o azul do céu
é de uma beleza que caçoa
Quando nada, nada
Te faria tirar o pijama
Não fosse o vento que vai lá fora
é a voz do teu amor que chama agora
Se você dormiu bem
Se você comeu bem
Se você quer o bem de uma boa pessoa
Quando nada, nada
Te faria tirar o pijama
Não fosse o vento que vai lá fora
é a voz do teu amor
Que chama agora
E você vem
E você vem"

domingo, 22 de maio de 2011

Indefinível

Precise e acerte enquanto é tempo,
Preceitos seguidos nos caminhos contrários,
Perca a noção  de quantas vezes você clamou,
Deixa que te digam no momento certo, na hora exata,
Não descanse!
Esqueça o destino e o desgosto.
Eu gosto do alvoroço!
Não resgate alma alguma do passado.
O novo sempre vem.
Não se entregue.
Tal mistério não pode ser dessa inglória eterna.
Não tem como saber.
Nem tente entender.
Valerá sentir nessa intensidade?
Esperando por você. Quem é você?
Só sei que cativa, aproxima e fala...
E a mim o que falta? Mostrar o amor?
Não defina.
Sempre falta, tudo sobra.
Vivo a sonhar e sonho em viver...
A descobrir....
 

sábado, 14 de maio de 2011

Um convite

Assim que o sol nascer e te convidar, levante-se...
no momento em que o frio te convidar, aqueça-se...
enquanto puder, deixa que a melodia toque seus ouvidos, envolva-se...
Não se rejeita um pedido para dançar, não se questiona um convite para abraçar.
Assim que a lua aparecer e te convidar, admire-a...
no momento em que a chuva cair, refresque-se...
enquanto puder, deixa que um amigo te dê bons conselhos, relacione-se...
Não se rejeita carinho de pai e mãe, não se questiona amor incondicional.
Aliás, há muitas coisas que podemos aceitar e ainda mais as que podemos rejeitar!
O bem não se inverte, o mal não se reverte,
Fica o convite a (des)misturar o que foi empacotado junto,
das belezas e das feiuras, das tragédias e das maravilhas,
Convido-o a acrescentar naturalidade!
Quem sabe se na seleta coletiva do que a vida nos oferece,
de tudo pudermos aproveitar algo e reciclar...
Haverá muito mais material para arte no nosso mundo...
Estão todos convidados...

Deixa estar

Na dinâmica do mundo em que vivemos as urgências nos levam a antecipar e a estar a frente dos acontecimentos. Cabe a esse apelo um limite, um frescor ao ser humano. Não me atrevo a frear o tempo, muito menos o privilégio de não inserir-me nesse contexto. Contudo, a homeostase pode não ser tão bem-sucedida nessa busca desenfreada pelas respostas e previsões futuristas. A que se dar espaço às perguntas sem respostas, a que se ter paciência para os planejamentos e deixar as premeditações para outras dimensões. 
Espero que nossos filhos não nasçam já necessitando de ansiolíticos. E que as dificuldades sejam superadas de outras formas.  
Sempre é dito sobre a capacidade cognitiva  do ser humano de ir além, de produzir mais e melhor, de pensar, de fazer, de um aproveitamento injusto para um mundo sedento de concretizações, avanços e saberes... Nada a contestar. 
Coloco em reflexão, entretanto, quando questionaremos o desenvolvimento de outras ordens. Como hoje em dia o ser humano faz valer o seu desejo? Como não sufocar opiniões próprias neste mundo de imperativos? Como discordar neste momento de não-conflitos de idéias? Como prevalecer a autenticidade quando tudo parece levar a padronizações engessadas? Como não ter excessos neste mundo de superlativos? Será que estamos caminhando para a evolução de relações afetivas respeitosas? A agonia que me invade,  favoravelmente não deixa esgotar minhas questões. E que levam a outras mas por ora, e para o que o meu raciocínio permite, deixo estar... Anseio para que em meio a elucidação da qualidade humana de raciocionar e produzir, se alie para o bem de todos nós, a força itinerante do desejo, o deslocamento das pessoas,  o bem-querer coletivo, e que assim não celebremos o falecimento da espontaneidade, da originalidade, da humildade, da fraternidade e da liberdade. Comemoremos a expressão do pensamento e a demonstração de afeto!

sábado, 7 de maio de 2011

Embalada

Um dia de  trabalho, cansaço e desgaste.
Tudo passa
Deteriora
Um instante com amigos, conversa fora e energia.
Tudo passa
Revigora
Um passeio com família, surpresa e gratidão.
Tudo passa
Renova
Uma música, sensação, encontro e imersão,
Passa para lá, para cá, movimenta, mania de sacolejar,
Embala
Um anoitecer de paz e  um amanhecer de bom-humor
Para o dia, não reservará solidão,
Tudo passa
Brevidade  dos deuses, tempo que não era para passar,
Mas hoje não vou correr,
Abraça
O bem do teu coração.

domingo, 17 de abril de 2011

Revolution

The Beatles

Você diz que você quer uma revolução
Bem, você sabe..
Todos nós queremos mudar o mundo
Você me diz que isso é uma evolução
Bem, você sabe
Todos nós queremos mudar o mundo
Mas quando você fala em destruição,
Você não sabe que pode contar comigo?
Você não sabe que vai acabar tudo bem?
Tudo bem.. tudo bem...

Você diz que você tem a solução real
Bem, você sabe..
Todos nós adorariamos ver o plano
Você me pede uma contribuição
Bem, já sabe..
Todos nós fazemos o que podemos
Mas se você quer o dinheiro para pessoas que só tem ódio na mente
Tudo o que posso dizer, irmão, você vai ter que esperar
Não sabe que vai acabar tudo bem?
Tudo bem, tudo bem

Você diz que você mudará a constituição
Bem, você sabe..
Todos nós queremos mudar a sua cabeça
Você me diz que isso é a instituição,
Bem, você sabe..
É melhor você libertar sua mente
Mas se você vai andar com fotos do camarada Mao
Também não vai convencer a ninguém
Não sabe que vai acabar tudo bem?

sábado, 19 de março de 2011

Transição do claro para o escuro

Quando encontrares teus defeitos, não conclui-te, surpreenda!
Se por acaso as qualidades descobrires, esconda-as de si mesmo.
Quando achares o rumo, que não sintas conforto, logo ele vai se ofuscar.
Aprenda a não afirmar destinos, laços e infinitudes,
Transita pelo incerto com bote salva-vidas e corra o risco das profundezas,
O caminho que te ensina a viver não é o traçado,
Se vai um dia, se vem noutro, isso faz bem,
Esbarre em pessoas, sinta o calor, ardor e não espera nada mais.
Cada um dá o melhor de si, conhece e desconhece o que tem de bom,
Ainda vale olhar para sua história, reconhece-te nos atos, boatos e fatos,
Sobretudo abra-se, despeje o baú, que o mundo há de depositar,
para o encanto do viver, o não saber prevalece,
O coração e a alma ainda adoece,
Toda manhã o sol nasce e a  noite escura já amanhece,
Encara, supera, que o que não mata, fortalece!
Dos tombos e cicatrizes ninguém se esquece,
Certamente acertamos, quando nos lançamos a caminhar.
E recomeçar!  

quarta-feira, 2 de março de 2011

Armadilhas

Lá vai uma menina a procura de um bem
Lá vai uma menina desejar não sei quem
Ela volta cabisbaixa
Seu querer era de outro alguém.
Desanima a menina mas ela ainda crê
Lá vai a menina ao encontro na praça
Lá vai a menina cheia de graça
Dessa vez ela acha
Nada pode acontecer que não convem
Lá vai a menina em busca do romance
Lá vai a menina agarrar sua chance
Ela volta cabisbaixa
Relação desgastou e o fogo apagou
Desanima a menina mas ela ainda crê
Lá vai a menina numa festa qualquer
Lá vai a menina tomar seu pileque
Desinibida atraiu interessados
Mas ela ainda volta cabisbaixa
Desanima a menina
No que ela crê? O que será que ela quer?
Coisa de mulher
A menina quer crer que encontrou o amor
Só por uns tempos...
Até descobrir que ele não existe
como se vê na TV.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Vira, virou-se

O jogo virou,
O rumo virou,
VIRA
A casa virou de pernas pro ar,
virou as costas,
VIRA
O copo virou,
o copo quebrou,
viraram os olhos,
arregalaram-se outros,
O que ficou, virou,
Os olhos viraram e viram,
VIRA
O rosto virou,
Chorou,
Lágrima secou e
VIRA
Trate de virar-se,
de se virar e ver,
Quem virá, vira para você
E se virou! Se viu virar...
E virou o que quis,
TODO MUNDO SE VIRA...

Este, mal-criado literalmente, num momento de efusão de pensamentos, saiu como precisava e me ensinou coisas que eu nem sabia... A poesia tem disso!
Especialmente para o Denis... promessa cumprida, fora do prazo mas cumprida!
Beijos