sábado, 14 de maio de 2011

Deixa estar

Na dinâmica do mundo em que vivemos as urgências nos levam a antecipar e a estar a frente dos acontecimentos. Cabe a esse apelo um limite, um frescor ao ser humano. Não me atrevo a frear o tempo, muito menos o privilégio de não inserir-me nesse contexto. Contudo, a homeostase pode não ser tão bem-sucedida nessa busca desenfreada pelas respostas e previsões futuristas. A que se dar espaço às perguntas sem respostas, a que se ter paciência para os planejamentos e deixar as premeditações para outras dimensões. 
Espero que nossos filhos não nasçam já necessitando de ansiolíticos. E que as dificuldades sejam superadas de outras formas.  
Sempre é dito sobre a capacidade cognitiva  do ser humano de ir além, de produzir mais e melhor, de pensar, de fazer, de um aproveitamento injusto para um mundo sedento de concretizações, avanços e saberes... Nada a contestar. 
Coloco em reflexão, entretanto, quando questionaremos o desenvolvimento de outras ordens. Como hoje em dia o ser humano faz valer o seu desejo? Como não sufocar opiniões próprias neste mundo de imperativos? Como discordar neste momento de não-conflitos de idéias? Como prevalecer a autenticidade quando tudo parece levar a padronizações engessadas? Como não ter excessos neste mundo de superlativos? Será que estamos caminhando para a evolução de relações afetivas respeitosas? A agonia que me invade,  favoravelmente não deixa esgotar minhas questões. E que levam a outras mas por ora, e para o que o meu raciocínio permite, deixo estar... Anseio para que em meio a elucidação da qualidade humana de raciocionar e produzir, se alie para o bem de todos nós, a força itinerante do desejo, o deslocamento das pessoas,  o bem-querer coletivo, e que assim não celebremos o falecimento da espontaneidade, da originalidade, da humildade, da fraternidade e da liberdade. Comemoremos a expressão do pensamento e a demonstração de afeto!

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