terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Num lugar sem espaço ou num espaço sem lugar

Desde os tempos remotos, a busca por espaço e por lugar é motivo de conquista, vitória e comemoração. Quem é entendido de História muito melhor do que eu pode dar explicações. Também os geógrafos conceituam espaço e lugar, configurando-se uma área de domínio desses estudiosos. O fato é que, mesmo usando-os como sinônimos não nos damos conta das sutis diferenças. Espaço designa um lugar determinado, porém lugar não é definido como um espaço, necessariamente (ao menos não pelo dicionário que consultei). Isso tudo é para introduzir, na verdade, a minha percepção particular da busca humana por encontrar espaço, lugar, lugar, espaço, e assim sem fim. Muitas pessoas já devem ter empregado as seguintes frases nas mais diversas ocasiões: "Minha namorada/pais/afins não me dão espaço", "Me sinto sem lugar", "Não tem espaço para mim nesta equipe/grupo", "Quero estar alcançar um lugar na empresa", "Aquela lá está tomando meu espaço" e inúmeras variações.  Parece interminável. Se me dedicar a compor frases cotidianamente utilizadas, atrevo-me a dizer que passarei horas nesta brincadeira. Às vezes tenho a impressão de que muitas pessoas perdem o tempo, a estribeira e o juízo, atrapalhados por não se localizar, e vivem tentando delimitar os territórios de suas vidas. Justo, não é nada fácil. Impressiona a conduta de iluminados seres humanos, que com maestria, conquistam lugar, voz e vez no mundo, e assim tomam grande espaço na política, na educação, na música, na ciência.  Exemplos raros. Eu, por assim descrever, na condição de discípulo aprendiz, desbravo territórios desconhecidos, entro por caminhos estreitos, bato em portas falsas, deparo-me com povos nativos, com civilizações estranhas, busco a calmaria navegando no oceano. Retorno para casa, e rezo  para ter energia no despertar da manhã seguinte para decifrar um pouco mais nitidamente qual o lugar que quero e preciso encontrar, qual é espaço que necessito para viver,  qual será minha posição perante os acontecimentos, como irei conduzir minhas escolhas, quais os limites vou impor diante de tudo aquilo que me abraça e que quero abraçar. Minha segurança é que bússolas e mapas podem nortear as descobertas, mesmo que sejam aquelas inesperadas por mim. E se assim for, um tanto melhor.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Síndrome dos vinte e poucos anos


A chamam de 'crise do quarto de vida'. Você começa a se dar conta de que seu círculo de amigos é menor do que há alguns anos.Se dá conta de que é cada vez mais difícil vê-los e organizar horários por diferentes questões: trabalho, estudo, namorado(a) etc. E cada vez desfruta mais dessa cerveijinha que serve como desculpa para conversar um pouco. As multidões já não são 'tão divertidas'... E às vezes até lhe incomodam. E você estranha o bem-bom da escola, dos grupos, de socializar com as mesmas pessoas de forma constante. Mas começa a se dar conta de que enquanto alguns eram verdadeiros amigos, outros não eram tão especiais depois de tudo. Você começa a perceber que algumas pessoas são egoístas e que, talvez, esses amigos que você acreditava serem próximos não são exatamente as melhores pessoas que conheceu e que o pessoal com quem perdeu contato são os amigos mais importantes para você. Ri com mais vontade, mas chora com menos lágrimas e mais dor. Partem seu coração e você se pergunta como essa pessoa que amou tanto pôde lhe fazer tanto mal. Ou, talvez, a noite você se lembre e se pergunte por que não pode conhecer alguém o suficiente interessante para querer conhecê-lo melhor. Parece que todos que você conhece já estão namorando há anos e alguns começam a se casar. Talvez você também, realmente, ame alguém, mas, simplesmente, não tem certeza se está preparado (a) para se comprometer pelo resto da vida. Os rolês e encontros de uma noite começam a parecer baratos e ficar bêbado(a) e agir como um(a) idiota começa a parecer, realmente, estúpido. Sair três vezes por final de semana lhe deixa esgotada(o) e significa muito dinheiro para seu salário. Dia a dia, você trata de começar a se entender, sobre o que quer e o que não quer. Suas opiniões se tornam mais fortes. Vê o que os outros estão fazendo e se encontra julgando um pouco mais do que o normal, porque, de repente, você tem certos laços em sua vida e adiciona coisas a sua lista do que é aceitável e do que não é. Às vezes, você se sente genial e invencível, outras... Apenas com medo e confusa (o). De repente, você trata de se obstinar ao passado, mas se dá conta de que o passado se distancia mais e que não há outra opção a não ser continuar avançando. Você se preocupa com o futuro, empréstimos, dinheiro... E com construir uma vida para você. E enquanto ganhar a carreira seria grandioso, você não queria estar competindo nela. Todos nós que temos 'vinte e tantos' e gostaríamos de voltar aos 15-16 algumas vezes. Parece ser um lugar instável, um caminho de passagem, uma bagunça na cabeça... Mas TODOS dizem que é a melhor época de nossas vidas e não temos que deixar de aproveitá-la por causa dos nossos medos... Dizem que esses tempos são o cimento do nosso futuro. Parece que foi ontem que tínhamos 16... Então, amanha teremos 30?!?! Assim tão rápido?!?!