sábado, 29 de março de 2014

Enche o peito de ar


Acorda, se veste, escova os dentes e corre para não perder o ônibus. No ônibus, a primeira experiência do dia de observar os seres humanos. Alguns ainda dormindo em pé como eu, outros euforicamente conversando ao telefone, os mais espertos conseguem ler um livro ou ouvir uma música. Alguns com uma dose de falta de educação matinal, outros gentis, simpáticos com um exuberante bom-humor no raiar do dia. Há o motorista e o trocador que devem ter acordado bem mais cedo que eu e que raramente estão dispostos a ser educados. Mas como de costume a gente dá o bom dia para exercitar e torce para que o motorista seja ágil na medida certa, já que nunca se consegue lugar para sentar. O peso de umas duas ou três sacolas com as necessidades do dia inteiro começa a ser percebido pelas mãos, pelos braços e pelos ombros e às vezes por passageiros generosos que oferecem uma ajudinha. Etapa vencida, a gente enche o peito de ar e renova o fôlego para um dia que está apenas começando.
Trabalho vai e trabalho vem. Passou o dia e é hora de encher o peito de ar para um retorno, menos apressado mas não menos tumultuado.

Ventilar o interior é uma necessidade não somente física. E isso é fácil de notar. A quantidade de ar que entra vem para que as toxinas que acumulamos no cotidiano possam dar lugar a um elemento puro. O ar.

Então, nobres senhores de estupim curto, antes de subir nas tamancas vamos encher o peito de ar.
Aos desanimados crônicos, sugiro, respire um pouco, ou intensamente, depois de uma corrida, dá um up jóia!
Aos sempre sem esperanças, inspire fundo e continue esperando até quando der mais uma vez.

E enquanto eu escrevia eu enchi o peito de ar por muitas coisas, espero que você também. Uma boa noite e amanhã cedo um bom dia.

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