terça-feira, 20 de novembro de 2012

Outro lado da moeda

(Na grande maioria das pessoas, resta sempre algo da ordem do indomável e do ineducável, que a cultura é incapaz de controlar. Freud observa que "aqueles que desejam ser mais nobres do que suas constituições lhes permitem são vitimados pela neurose. Esses indivíduos teriam se sentido melhor se lhes fosse possível ser menos bons.")

Trecho retirado do livro de Nina Saroldi: O mal estar da civilização - as obrigações do desejo na era da globalização

Nós seres humanos com nossas exigências internas não conseguimos nos esquivar dos padrões nos quais tentamos nos enquadrar e de um sofrimento proveniente dessa impossibilidade. E que muitas vezes causam danos reversíveis, porém muito trabalhosos. Há que se repensar esse movimento humano, que caminha incansavelmente para um outro nível de neurose, diferente das do tempo de Freud, mas que funciona talvez de uma mesma forma - com o mesmo 'para quê'. O trecho acima me fez refletir para o ponto crucial "se sentiriam melhor se fossem menos bons". Ouço pessoas que se queixam diariamente de tentar ser perfeito demais. Essa é uma cilada moderna. Uma forma de aprisionamento talvez que nos autoriza nesse extremo, como se nele fosse permitido abusar. Não quero sugerir que as pessoas não tem que tentar ser melhores, mas colocar esse ideal antes de tudo e angustiar-se a tal ponto, não leva a progresso e nem a andamento nenhum.  Precisa haver uma tentativa, da mesma forma que pode haver falhas e do mesmo jeito que se pode acertar! Tudo na vida tem o seu lugar.

"O inimigo do bom é o melhor".






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