domingo, 11 de novembro de 2012

Vi-vendo para ver

O mundo me promete progresso e eu acredito. O mundo me pede paciência e eu insisto. O mundo me pede para acreditar e eu desconfio. Disseram-me muitas coisas. Que vence o melhor, que precisamos uns dos outros, que tenho que fazer sempre mais, que devo dar a face para o outro bater. Eu sempre me pergunto se ainda existem verdades nesse conjunto de informações. Nada concluo. Num dia se aprende a ceder, no outro se aprende a perder, e no outro você descobre que é  muito mais que isso. Vão dizer para seguir o coração e agir com a razão. Vão dizer seja forte mas saiba que fraquejar é normal. Vão dizer que auto-estima resolve tudo e que não tem fórmula pronta. Cada ser humano tem suas infinitas teorias de como viver. Tal qual os cientistas, se esquece que sempre cuidamos das leis e mal sabemos aplicá-las. Compreendê-las não é vivê-las, ainda que seja o primeiro passo. Inevitável e felizmente temos capacidade para proteger nossa estima de que vamos aprender direitinho o que é melhor a fazer. E que o tempo nos tornará sábios para encarar o que vier pela frente. E mais uma vez eu me pergunto. Que progresso é possível? Pessoas acostumadas a achar que aprenderam com a vida, exalam uma certa arrogância da conquista da verdade. Eu sei que é assim, dizem, eu já passei por isso. E as leis gerais do comportamento funcionam de forma a sugerir que se deva levar em conta, afinal é a experiência dizendo. Paciência, até que ponto? Às vezes, o que mais precisamos é saber mudar a rota, é não esperar mais por algo que minha vã insistência entende como caminho. Arrancar das minhas convicções que ao invés de pacientemente aguardar dádivas, eu posso me esforçar mais, essa é uma necessidade ignorada. A vida deveria ser uma eterna investigação científica séria. Onde as hipóteses serão testadas e acreditar ou não é só questão de evidências. Nossa frágil ingenuidade nos coloca na posição de submissão frente às crenças que inconscientemente o mundo nos impõe. Acredite que aquilo lhe fará feliz, acredite que você vai vencer, que acreditar que tudo vai dar certo como condição para sucesso. Uma medida de dúvida se presta mais a fazer acontecer que a própria crença. Pois é quando eu não sei o que vai acontecer que eu me entrego, arriscando com a margem de segurança de quem pode não ter feito a melhor escolha, mas que a faz. Na balada da contra-mão, exercito-me pondo em xeque àquilo que enraizado está na sabedoria cotidiana. Posso ter elencado uma porção de bobagens, mas a atividade crítica do que instituiu-se como generalizações no mundo certamente me incomoda. A cada homem a vida ensina de forma particular. Faremos sempre trocas de saberes e experiências, teremos sempre sabedorias a partilhar, crendices nas quais se apoiar e verdades em que iremos acreditar. Basta não aceitar tudo sem crivo, sem critério e sem a sua própria vivência para as conclusões tirar.

E assim, desejo um pouco de dúvidas a você.

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