sexta-feira, 19 de abril de 2013

Um pequeno deslize


Um arranjo te leva a aceitar seu destino.
Nunca muda, nada muda, é assim que é.
Não me conformo. Há de haver uma saída qualquer.
O desejo insiste. A angústia aumenta.
Um descontrole surge em controlar tudo que está pronto.
A história se repete. Espera-se o novo e ele não vem.
Busca-se conforto em respirar aquela sensação de alívio que não chega.
Você está fazendo isso errado, um dia entende assim.
Mudaram-se os formatos, os nomes, os enredos, o desfecho não muda.
Os dias são sem sabor, aqui e ali, não se vão.
Agarrados no tempo de uma vida que não se quer levar.
Principia um empenho de se colocar diante dos fatos.
Ah, os fatos. Esses já estão tão bem colocados em uma perspectiva.
Rearranjá-los de outra maneira, mudar a ótica e a ética.
Deslizar, deslocar, adotar outra posição no seu próprio mundo.
Esvaziar o drama. Não esperar o critério alheio.
Uma abstração tão simples, só que não.
Aceitar as escolhas, os afetos, as indiferenças.
Sem preciosismos, sem pretensão, sem razão.
Não ter respostas, não saber, não imaginar, não investigar.
Um contento haverá em deixar como está.
E sem perceber nada será como antes
Se deixar deslizar.


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